crônica sobre o reencontro: Fim da Quarentena

   Finalmente chegou o banho do bicho, um dia marcado por ansiedade, reencontros e uma sensação incrível de que, por fim, os dias mais difíceis já passaram.
Military Homecomings | Creative Imaginations Photography  Ela acorda de uma noite mal-dormida, corre para o banho e coloca a roupa que ela havia planejado por semanas a fio. Usa seu melhor perfume (o favorito dele), erra o delineado por nervosismo e encara uma longa viagem para reencontrá-lo. No peito, o coração acelera e ela quase não nota, não sabe se é a saudade ou se é a vibração dos alunos que marcham enfileirados pelo pátio. Ela observa atentamente cada militar naquela multidão, procura por quem seu coração tanto sente falta. Ela o acha e sente os olhos arderem. "Não! Não vou chorar agora", ela pensa.
   Um aluno mais antigo passa em frente à ele, ele grita seu nome de guerra e é colocada a sua primeira insígnia: 1ª série. Tanto ainda pra se percorrer, mas a primeira barreta já é o indício de que ele venceu suas próprias guerras pra chegar até ali.
   Começam os exercícios, ela não entende muito o que acontece ali, mas mal pode esperar pelo final da cerimônia para tê-lo em seus braços depois de 42 dias longe. "...CINQUENTA E OITO, CINQUENTA E NOVE, SESSENTA E UM..." E, então, ela começa a ouvir de longe a sirene, o coração dispara. Eles correm para serem molhados e ela o perde de vista. Mas tá tudo bem, acabou! 
   Ela invade a multidão e ele a procura incessantemente. Ela avista um olhar familiar...que se dane o que vão pensar, ela dispara entre todas aquelas pessoas e o abraça com todas as forças que possui. Ela não quer soltar, ele muito menos.
  "Como é bom estar nos seus braços de novo", ele diz. E aí ela tem certeza: Todos os dias longe valeram a pena.

Escrito por Brenda Andrade

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